POR MARCIUS CORTEZ, publicitário e escritor.
Nem sei se sou herdeira da escritora Carolina de Jesus, mas me
sinto como se vivesse num quarto de despejo. Não mando mais,
nem eu nem minha família, no único lugar onde posso morar, nesse
barraco tosco perto do céu com vista para o mar e para o Rio sob a
mira da morte.
É visível, qualquer um vê que o verde da bandeira do Brasil
sumiu dos uniformes dos soldados. Agora eles estão vestidos com
o tecido tom sangue e roxo cadavérico.
Não durmo mais. Quando amanhece, ponho a cara na janela
despedaçada por um tiro de arma pesada e respiro o pesadelo.
Está faltando luz, na
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