O gosto na boca é de sangue, horror e medo. E quem não sente medo nesse momento é porque está do lado dos que nos amedrontam ou porque não dimensionou a gravidade desses dias. Desculpem-me os amigos e familiares de Marielle, mas não consigo escrever sobre outros afetos envolvidos nessa perda devastadora. Só penso nessa situação-limite, no que virá ainda sobre nós.
Fomos todas Cláudias, Cláudia da Silva Ferreira. Fomos baleadas junto com ela, tivemos nosso corpo pendido do porta-malas de um carro de polícia e arrastado pelas ruas de Madureira. Somos Marielle porque fomos, somos Cláudias.
Enquanto Cláudia da Silva Ferreira, trabalhadora e mãe, era conhecida apenas pelos seus, negros como ela, Marielle Franco era vereadora vitoriosa, depositária de quase 47.000 votos confiados pelos seus, os da Maré, os de outras favelas e de outros quilombos da cidade do Rio de Janeiro; conhecida e reconhecida no Brasil e
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